“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1)
12/Junho/2010
“O tempo não para” – cantava Cazuza. Não obstante a pobreza de conteúdo, a música retrata uma inquestionável verdade. Mas o que é o tempo? Como se calcula a sua quantidade? O tempo é totalmente subjetivo. O tempo é completamente relativo. Queres um exemplo? Um minuto para alguém que está num banheiro não é muito, mas para o aflito que está do lado de fora pode parecer uma eternidade! Homens, mulheres, jovens e crianças – estamos todos sujeitos ao tempo. Ele é implacável.
O hábil autor de Eclesiastes nos revela o que Deus estabeleceu desde a eternidade: Tudo tem o seu tempo determinado! Por mais preparados ou habilitados – como homens que somos – estaremos sempre limitados ao tempo e ao espaço.
“Vi algo mais debaixo do sol: Não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes a vitória, nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes as riquezas, nem dos entendidos o favor, mas que o tempo e a sorte ocorrem a todos” (Eclesiastes 9:11)
Deus é o único ser que não está limitado ao espaço, à sorte ou ao tempo. Ele é Senhor de todas as coisas. O tempo é só mais um tema sujeito à sua soberania. Como disse o suave salmista, o rei Davi:
“Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Salmos 90:2)
Ou – o profeta Daniel:
“É Ele quem muda os tempos e as horas, remove reis e estabelece reis…” (Daniel 2:21)
Por vezes, em minhas orações, rasgo meu coração e digo ao Senhor que minha causa é urgente. “Porque te deténs?” – Pergunto, em meio ao desespero. “Se me ouves, porque não respondes?”
No Evangelho de Marcos, capítulo cinco, encontramos a história de um homem desesperado. Ele era um nobre de seu povo, seu nome era Jairo. O seu desespero era por causa de sua filha, que, nessa altura, encontrava-se terrivelmente debilitada. Jesus se dispõe a ir com ele. “Minha filha está salva. A cura chegou!” – disse o homem no seu interior. Contudo, Jesus se detém pelo caminho. Que angústia deve ter vivido este pai aflito. “Por que te deténs?” – Indaga consigo mesmo o homem. “O que pode ser mais urgente do que uma menina à beira da morte?”
Uma mulher desesperada, que havia doze anos padecia de uma enfermidade. Doze anos de espera; doze anos de sofrimento; doze anos de angústia e dores. Essa era também uma causa urgente! Jesus vem em sua direção… a esperança renasce, a expectativa cresce, a confiança aumenta. “A solução chegou!” – certamente pensou ela. Alguém tocou Jesus. A multidão o apertava, contudo, sentira que alguém o havia tocado de forma especial.
Quando Jesus retomou o caminho e chegou a casa de Jairo, muitos pranteavam sobre o corpo da menina. Eles pensavam que o Mestre havia se atrasado. Tenho a convicção de que alguém naquele velório deve ter pensado: “Se ele tivesse chegado antes, as coisas não terminariam assim…” Ah! Jesus não chega antes, nem depois. Ele age na hora certa, no tempo certo.
Quando Abraão e Sara clamaram ao Senhor por um filho, eles atravessaram o deserto da espera. Toda promessa passa pela prova do tempo. Em Gênesis 21, diz que “o Senhor visitou a Sara como tinha dito, e lhe fez como havia prometido. Sara concebeu e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, como Deus lhe dissera” (Gênesis 21:1,2)
Em João 2 – nas bodas de Caná da Galiléia – Jesus operou o primeiro de seus muitos milagres. Quando faltou o vinho naquela festa, sua mãe logo instigou-lhe a resolver o problema. Contudo, Jesus disse: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não chegou a minha hora!”
Quando os irmãos de Jesus mostraram a sua incredulidade, induzindo a Jesus que mostrasse seus milagres publicamente para que todos cressem nele, Jesus lhes disse: “O meu tempo ainda não chegou!”
Deus não precisa de conselhos, muito menos de conselheiros. Ele tem a eternidade em suas mãos.
Todos nós temos vivido dias de angústias. De alguma maneira, ou por algum motivo, estamos sempre esperando algo da parte do Senhor. A espera por vezes é árdua, cansativa. A linha que separa a intervenção divina, do tempo de espera é, ao mesmo tempo ténue, porém gigantesca.
Por vezes, a gente sente como aquele aleijado no tanque de Betesda.
“Neste tanque jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e aleijados, esperando o movimento da água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo” (João 5:2-5) – Trinta e oito anos de espera! Há quanto tempo você tem esperado mesmo? Está cansado? Pensa que não há mais jeito? Pensa em desistir?
O tempo é um paradoxo. A espera é sempre longa, extensa, árida e cansativa. O tempo, por sua vez, é cada vez mais escasso. Os meses passam como flechas e parecem dias. Os dias são velozes como raios, e passam como as horas. As horas passam em questão de segundos. Os números do meu cronómetro correm desenfreados. Os ponteiros do meu relógio giram apressadamente. A areia da ampulheta escorre desesperadamente. E lá se vai mais um ano de espera.
O que eu tenho aprendido nesse tempo é que Deus não deseja nos ensinar a confiar nele somente no momento em que recebemos seu favor. A espera faz parte do processo de aprendizado. Não devemos perguntar o “porque?”, mas sim, “para que?” temos passado por essa situação. Como disse o suave salmista:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Salmos 90:12)
O tempo não é nosso inimigo, mas um aliado. O tempo nos traz maturidade, experiência, conhecimento, excelência. O tempo é um sábio professor. O tempo cura feridas, apazigua contendas, remove muros de separação, amolece corações.
Não sou um profundo conhecedor de vinhos, contudo, sei o suficiente para perceber que os melhores e mais valiosos vinhos são aqueles que passam mais tempo dentro dos barris de carvalho francês. Os anos ali armazenados, em contato com a nobre madeira, lhes atribuem tonalidades, aroma e taninos de maior qualidade.
Assim somos nós. O tempo de espera não é para nos tornar crentes resignados, rancorosos, vingativos, recalcados, maliciosos. Mas homens humildes, pacientes, submissos, obedientes. Por vezes [e isto é compreensível] não entendemos o agir ou o silêncio de Deus. Queremos tudo à nossa maneira, do nosso modo, no nosso tempo.
“ [Disse Jesus]: Não vos pertence saber os tempos ou as épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (Atos 1:7)
Quanto a mim, quero descansar no tempo de Deus. Eu quero crescer, quero aprender, quero conhecer mais. Submeter minha visão terrena, limitada e imediata à soberania e aos propósitos eternos de Deus para mim. Essa é a minha oração.
“Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia. Guardem-me a sinceridade e a retidão, porquanto espero em ti. Porque em ti, Senhor, espero; e tu, meu Deus, me ouvirás” (Salmos 25:5 / 25:21 / 38:15).
“Sustenta-me conforme a tua promessa para que eu viva; não me deixes envergonhado da minha própria esperança” (Salmos 119:116)
Lembre-se da promessa …
“Humilhem-se, portanto, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo Ele vos exalte” (1 Pedro 5:6)
“Em obras”
Joci
Varao que frase do dia heim , nao demora escrever se nao sai um livro rsrs... brincadeira , que bencao esta palavra , Deus te abencoe .
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