“Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Salmos 23:4)
Não estamos sozinhos! Essa é a promessa de Deus para nós. A história mostra que grandes homens de Deus enfrentaram grandes batalhas, contudo, nunca desamparados. Essa afirmação, eu sei, entra em contradição com a linha teológica “moderna” que enfatiza a “prosperidade” como a bênção mais preciosa obtida em Deus. Bênção, aliás, é uma palavra que vem do latim – benedictione – que significa: "favor divino, graça". No âmbito bíblico, significa pedir ou conceder um favor sobrenatural. Ao clamarmos pela bênção de Deus, estamos pedindo aquilo que não conseguiríamos com nosso próprio esforço. Por vezes, fico mesmo encolerizado com as afirmações ocas e sem fundamento bíblico de homens gananciosos, usuários do Evangelho, mercadores da Verdade. Frases como: “Você não nasceu para isso!”, ou “Isso não é de Deus!”. Vejo anúncios de mentiras, engarrafadas em falsidade, com rótulo de “meia verdade”, anunciadas por charlatães, e distribuídos por empresas de fachada – que levam o nome de Cristo por não haver outro com maior credibilidade.
O que diríamos então dos discípulos, martirizados por amor de Cristo? Ou de Paulo? Perseguido sem causa enquanto defendia com todas as suas forças a Obra de seu Senhor. Veja seu curriculum em 2 Coríntios 11:21-28. Ele padeceu necessidade, sofreu em trabalhos, em fadigas, em açoites, em prisões, em perigo de morte, foi açoitado, apedrejado, sofreu naufrágio, fome, sede, foi picado por cobra, etc. Ufa! Estaria ele em pecado? Um homem que deixou tudo por amor de Cristo, que entregou tudo o que possuía, para cumprir o seu chamado. “Onde está a bênção?” Perguntariam alguns! “Cadê a prosperidade na vida dele?” Indagariam outros. Nos tempos que correm, além de todos os seus conhecidos sofrimentos, pesaria sobre o apóstolo ainda a penitência pós-moderna da teologia da prosperidade, implacável e ávida para o condenar.
Não quero me estender muito sobre a vida de Paulo, pois o assunto é outro. Só deixo aqui três de suas afirmações: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). ‒ “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20). E, a despeito de tudo o que fosse material, terreno e temporário, ele remata: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1:21).
Não sou apologista da teologia da miséria – onde um pastor tem que andar de bicicleta para ser aceito como um santo homem de Deus. Também não me escandalizo com pastores que andam num BMW, desde que eles estejam em conformidade com os preceitos do Senhor. O que vandaliza a minha alma é o “mercantilismo” do Evangelho. Banalizar o sangue de Cristo por causa de míseros trocados. Barganhar o sacrifício do Senhor na Cruz, por algumas moedas de prata! Não aceito que o meu Senhor tenha sofrido naquela cruz, com pregos em suas mãos e em seus pés, suando gotas de sangue, doando sua vida, simplesmente para que sejamos ricos, prósperos, bem-sucedidos, ou que o nosso “açougue” tenha progresso (como ouvi outro dia na TV!). Você acredita que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para morrer numa cruz, simplesmente para que eu seja dono de um açougue e tenha três ajudantes? Que miséria! Isto sim é que é pobreza! Pobreza de alma, de espírito, de amor e de temor. Eu me recuso a aceitar esta proposta. Eu recuso estes manjares. Porque “não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fomos resgatados da nossa vã maneira de viver…” (1 Pedro 1:18)
O próprio Senhor Jesus afirmou: “Prestem atenção! No mundo vocês vão passar por lutas, por aflições…” (João 16:33). Ele nunca nos prometeu dias sem chuva, noites sem frio. Ele nunca disse que tudo seria “um mar de rosas”. Mas – graças a Deus – Ele concluiu a sentença: “Contudo, animem-se: Eu venci o mundo!”
Deus não “livrou” José da fúria de seus irmãos invejosos, nem das artimanhas da mulher de Potifar, contudo, Deus estava com José, e tudo o que ele fazia prosperava, e os grilhões não foram suficientes para detê-lo. Deus não impediu o jovem Davi de travar uma batalha contra um urso, um leão e um gigante, mas Deus era com ele, e o gigante caiu! Deus não impediu que três jovens de linhagem nobre: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fossem jogados, atados, dentro de uma fornalha sobremaneira acesa, contudo, não sofreram dano algum e, alguém viu além desses três jovens, um quarto homem, e seu aspecto era como um “filho dos deuses”. Deus não impediu que Daniel fosse lançado na cova de leões famintos, mas eles não lhe fizeram mal, porquanto o anjo do Senhor estava lá, e fechou a boca dos leões. Deus estava com Neemias quando este intercedeu junto ao rei Artaxerxes a favor de seu povo, e ainda que o rei enviasse cartas aos governadores de outros reinos para que ele pudesse passar sem impedimento, e mais ainda que conseguisse madeira para reedificar as portas do templo e os muros da cidade assolada, e graças às graciosas mãos de Deus sobre a vida dele, Neemias foi atendido em todos os seus pedidos. Deus não impediu que Jó passasse por lutas e sofrimento extremos, porém Deus era com Ele, e em tudo foi Jó restituído, e ainda pôde dizer do Senhor, admirado: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora te vêem os meus olhos!” Nem mesmo Jesus passou por este mundo sem enfrentar oposição ou contradição, contudo, o Pai o ungiu com o Espírito Santo e com virtude, e Ele andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.
Não sei que tipo de sofrimento você tem enfrentado; talvez a inveja de homens ardilosos, contendas e discórdias, prisões, gigantes, fornalhas, leões famintos, ou talvez os seus familiares estejam em apuros, lutas, talvez enfrentando a dor da perda, sofrimento.
Jesus nunca nos disse que tudo seria um mar de rosas! Mas Ele nunca nos deixa só!
A presença de Deus faz toda a diferença em nossas vidas: Nos consola, nos dirige, nos orienta, nos anima, nos fortalece, nos refrigera, nos impulsiona, nos estimula, nos traz paz.
Paz, não é ausência de guerras. Paz verdadeira é o descanso na alma em momentos de tribulação!
“Você nunca saberá que Deus é tudo o que você precisa, até que ele seja tudo o que você tiver” (Rick Warren)
“Em obras!”
Joci
Olá Joci,
ResponderExcluirParabéns pelo blog e também pelos textos que são muito bem escritos e embasados profundamente na palavra. Continue firme fazendo a obra do Senhor. Fica na paz
http://seligapa.blogspot.com